ABL CONCEDE PRÊMIO MACHADO DE ASSIS À ADÉLIA PRADO

O prêmio Machado de Assis é o prêmio literário mais antigo e mais importante do país, entregue desde 1941. O ganhador do prêmio faz jus ao montante de 100 mil reais.

 

Adélia Prado

A escritora Adélia Prado é uma poeta mineira, nascida na cidade de Divinópolis, filha de João do Prado Filho e Ana Clotilde Corrêa; casada com José Assunção de Freitas, mãe de cinco filhos; professora, filósofa, escritora, contista e poetisa brasileira. Suas obras são marcadas pela simplicidade cotidiana da vida, abordado temas como: a sexualidade, a morte, a religiosidade e outros.

O também poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade escreveu em (1975): que “Adélia é lírica, bíblica e existencial, faz poesia como faz bom tempo: está à lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo: fogo de Deus em Divinópolis”. Drummond fez uma ligação da poesia de Adélia ao aspecto religioso usando o termo “bíblica” como referência à sua intimidade com os textos da Bíblia Sagrada; que é um símbolo religioso; os quais estão espalhados por todos os seus textos demonstrando sua ligação com o divino e sua busca constante pela espiritualidade.

 

Bagagem, o começo

Bagagem foi o primeiro livro publicado por Adélia Prado. Nesse livro, ela mostra em sua poesia, como o próprio nome do livro já diz, uma literatura poética marcada pela experiência, a mulher vivida e madura onde exerce diversas funções; em seu poema “Com licença poética” é possível notar essa característica:

 

Quando nasci um anjo esbelto,

Desses que tocam trombeta, anunciou:

Vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado para uma mulher,

esta espécie ainda envergonhada

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou tão feia que não possa casar,

Acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

_dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição para homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.

 

  Adélia Prado lecionou por 24 anos então deixou sua profissão como professora e passou a dedicar sua vida inteiramente a vida poética.

No ano de 1978, Adélia lançou “O coração disparado”, que foi honrado com o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do livro. Para Adélia Prado “Qualquer coisa é casa da poesia” nesse livro notam-se, poemas com característica do modo poético de Adélia Prado, onde a experiência do cotidiano se torna uma experiência poética para a autora.

 

SOLAR

Minha mãe cozinhava exatamente:

arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas.

Mas cantava.

 

A poesia dessa poetisa mineira é marcada pela presença da simplicidade e profundidade.

 

Adélia e a religiosidade

Adélia Prado revela em seus versos que tudo que inventou está na Bíblia, ou seja, a Sagrada Escritura é o fundamento de sua poesia. “Porque tudo que invento já foi dito nos dois livros que eu li: as escrituras de Deus, as escrituras de João. Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão”.

Desse modo, nota-se que o seu discurso religioso está totalmente atrelada a Sagrada Escritura, é possível notar em sua poesia a devesa da autora em discursar sobre encanação divina, Para Adélia Prado o verbo é a palavra por excelência, pois a criação foi feita pela a ação da palavra “O Espírito de Deus pairava sobre as águas…” Sobre o meu, pairavam essas flores e sou mais forte que o tempo.”

Na poesia de Prado, Deus é verbo, a palavra gerada onde o verbo se encarnou no filho de Deus (Jesus). Vejamos o trecho de seu poema:

 

Se pudesse entender: o filho de Deus é homem.

Mais ainda o filho de Deus é verbo,

Eu viraria estrela ou girassol.

O que só adora e não fala. (PRADO, 2016).

 

Para Prado, o nosso corpo é templo e morada de Deus, o tornando ser divino assim como o corpo de Deus, é uma passagem de conexão do humano com o divino e o espiritual “[…] “Um dia veremos a Deus com nossa carne”. Nem é espírito quem sabe, é o corpo mesmo, o ouvido, o canal lacrimal”.

 

Livros de Adélia Prado

Bagagem, Imago, 1976

O coração disparado, Nova Fronteira, 1978

Terra de Santa Cruz, Nova Fronteira, 1981

Os componentes da banda – romance, Nova Fronteira, 1984

O pelicano, Guanabara, 1987

A faca no peito, Rocco, 1988

O homem da mão seca – romance, Siciliano, 1994

A duração do dia, Record, 2010

Miserere, Record, 2013

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