POESIA BRASILEIRA: uma breve história

Um breve olhar sobre a historiografia literária brasileira nos fará perceber que nossos primeiros textos têm suas origens em autores portugueses, veremos uma literatura colonial sob as asas da literatura portuguesa. Duarte (2011) afirma que “a história da literatura no Brasil tem seus primeiros traços esboçados durante o primeiro quartel do século XIX”.

A literatura foi usada para legitimar a recém-implantada nação. Ainda que nesse contexto, a produção poética foi usada para consolidar politicamente a nação.

A multidão de portugueses que vieram para o Brasil traz consigo um movimento que se torna importantíssimo para a literatura nacional: o movimento filosófico literário e artístico do Romantismo. Nesse sentido, Nunes (1998) aponta que “pode-se então afirmar que os românticos fizeram a historiografia literária do Brasil”.

Os primeiros poetas brasileiros

Os historiadores – tais como: Nuno Marques Pereira, Ferdinand Denis e outros – da poética nacional apontam para o fato de que a produção literária em terras brasileiras até o século XVIII se restringe fundamentalmente ao gênero lírico, se observa notadamente poesias dramáticas, satíricas e épicas.

Bento Teixeira veio para o Brasil, residindo inicialmente na Capitania do Espírito Santo, em 1567 e é reconhecido como marco inicial no barroco brasileiro. Ele é autor do poema épico “Prosopopeia”. No prólogo de seu livro, Bento se dirige ao Capitão e Governador Jorge d’Albuquerque Coelho: “peço, humildemente, receba minhas Rimas, por serem as primícias com que tento servi-lo”.

Manuel Botelho de Oliveira é considerado o primeiro autor nascido no Brasil a ter um livro publicado. Adma Muhana (2011) afirma que Manuel Botelho é “poeta que privilegia em sua Lira sacra e na Música do Parnaso a sonoridade que faz admirabile o dizer do poema, tangendo finezas ou as maneiras cantáveis do “plectro doce e fino””.

Januário da Cunha Barbosa foi o primeiro brasileiro a elaborar uma antologia da poesia nacional foi. Entre os anos 1829 e 1830, Januário publica o Parnaso brasileiro, ou Coleção das melhores poesias dos poetas do Brasil.

 

O modernismo

Cerca de oito décadas depois, em 1946, Manuel Bandeira publica a Apresentação da poesia brasileira: seguida de uma antologia de poetas brasileiros, esse livro traz uma elementar história da poesia brasileira. Narrando a história da poesia, Bandeira começa pelos “Gongorizantes e Árcades”, ou seja, o autor se debruça imediatamente nos poetas e na lírica dos períodos aludidos no título.

O modernismo, para Bueno (2002), “surgiu não como uma sequência do Simbolismo, mas como uma reação ao Parnasianismo, em parte pela estranha sobrevivência desse movimento no Brasil, quando já se apagara em toda parte”. A história da poesia brasileira apresenta Mário de Andrade (1893-1945) com um líder incontestado do Modernismo de 1922.

Sabe-se que o Modernismo de 1922 não foi um movimento homogêneo, e sim uma aglutinação de diversas e divergentes propostas estéticas de diferentes grupos.

O modernismo se caracteriza pela presença do poeta na cidade e sua relação com esta. “Na modernidade, a poética de testemunho do homem às modificações estruturais da sociedade urbana foi consagrada. A poesia de registro do sujeito na cidade se configurou em tradição”, afirma Garcez (2022).

Antonio Candido (2002) assegura que o tema social é inalienável de boa poesia, como nos afirmará, em “Notas de Crítica Literária – sobre poesia”, de 1944: “Se observarmos a poesia brasileira, veremos que ela é formada por uma maioria de poetas menores – isto é, poetas de emoção não organizada e dirigida, que se contentam com a pincelada, o toque, a sugestão rápida, o momento de beleza. Não há quase poetas maiores – isto é, aqueles que fazem do verso um instrumento de totalização da experiência humana, dirigindo-se tanto à inteligência quanto à sensibilidade ou ao gosto. O Sr. Manuel Bandeira é tipicamente um poeta menor”.

 

Considerações

A poesia brasileira é riquíssima, e esse espaço aberto é dedicado ao compartilhamento da história e da beleza de nossa poética.

 

REFERÊNCIAS

BUENO, Alexei. Uma história da poesia brasileira. Rio de Janeiro: G. Ermakoff, 2007.

CANDIDO, Antonio. Textos de intervenção. São Paulo: 34; Duas Cidades, 2002.

DUARTE, Bruno Marques. Alexei Bueno e a escrita de uma história da poesia brasileira (2007). Dissertação – Universidade Federal do Rio Grande – Rio Grande, 2011.

GARCEZ, Fabiano Fernandes. Sob o olhar da crítica: a poesia brasileira no século XXI – vínculos e rupturas com o Modernismo de 1922. Dissertação (Mestrado em Letras): Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Humanas de Guarulhos, SP, 2022.

MUHANA, A. A “maravilha” na poesia de Manuel Botelho de Oliveira. Per Musi, Belo Horizonte, n.24, 2011, p.35-42.

NUNES, Benedito. Crivo de papel. São Paulo: Ática, 1998.

SALGUEIRO, Wilberth Claython Ferreira. Poesia brasileira: violência e testemunho, humor e resistência. – Vitória: EDUFES, 2018.

 

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